Tuesday, March 23, 2010

Camilas, coincidências e canções

Eu nunca tive uma Camila na minha vida. Mesmo assim, a música “Camila, Camila” sempre mexeu comigo. Da mesma forma, nunca fui fã de Nenhum de Nós. Gostava de uma ou outra música deles, como “O Astronauta de Mármore”, uma versão tupiniquim meia-boca de “Starman”, de David Bowie. “Sempre estar lá/ E ver ele voltar / Não era mais o mesmo/ Mas estava em seu lugar”. Não entendia bem o que significavam aqueles versos, mas a música me fazia viajar naquele quarto. Um quarto que, apesar de dividi-lo com meu irmão mais velho, era praticamente o meu mundinho particular. Eu me teletransportava no tempo e no espaço. Isso no final dos anos 80 ou começo dos 90, não me lembro ao certo. Nessa época, além de “O Astronauta de Mármore”, eu ouvia também “Somos quem podemos ser”, do Engenheiros do Hawaii. Tinha uma parte da música que dizia “Um dia me disseram/ Que as nuvens/ Não eram de algodão. (...) Sem querer eles me deram/ As chaves que abrem/ Essa prisão”. Esses versos expressavam exatamente o que eu estava vivendo na adolescência, uma fase meio maluca, cheia de mudanças, descobertas, frustrações e angústias.
Mas voltando à Camila, lembro-me apenas de uma vez em que eu e alguns amigos pegamos um violão e cantamos essa canção durante uma serenata desafinada. Não me lembro bem do rosto dela, mas seu nome é impossível de esquecer: Camila. Isso aconteceu em Caraguatatuba, em meados dos anos 90. Nada demais, um amor de verão, um amor de praia que, como diz o ditado, “não sobe a serra”.
O fato é que, de uns tempos pra cá, essa música voltou mais forte do que nunca e parece ter tomado conta da minha casa, do meu trabalho, da minha vida. E ouvi-la, nos dias de hoje, é como lembrar de meu irmão, do meu quarto, da minha infância e de um tempo que não volta mais. Foi então que caiu minha ficha: todas essas lembranças não vão voltar mesmo. Sabe por quê? Porque, na verdade, elas não foram à parte alguma. Isso mesmo. Elas nunca deixaram de fazer parte da minha vida.

Em tempo: gostaria de dedicar essa música e esse texto a uma pessoa que conseguiu o que parecia impossível: despertar em mim a vontade de voltar a escrever no meu blog. Uma pessoa que, coincidência ou não, se chama Camila.

Camila Camila
Nenhum de Nós
Composição: Carlos Stein / Sady Hömrich / Thedy Corrêa

Depois da última noite de festa
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
As coisas aconteciam com alguma explicação
Com alguma explicação

Depois da última noite de chuva
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
Às vezes peço a ele que vá embora
Que vá embora

Camila
Camila, Camila

Eu que tenho medo até de suas mãos
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega
E eu que tenho medo até do seu olhar
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega

A lembrança do silêncio
Daquelas tardes, daquelas tardes
Da vergonha do espelho
Naquelas marcas, naquelas marcas

Havia algo de insano
Naqueles olhos, olhos insanos
Os olhos que passavam o dia
A me vigiar, a me vigiar

Camila
Camila, Camila

E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava a minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer

Ouça a música e viaje você também: http://letras.terra.com.br/nenhum-de-nos/28024/

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