Wednesday, April 21, 2010

It´s no place like home.


Eu sempre disse que a melhor parte de uma viagem era a volta para casa. Hoje, relendo o meu diário de viagem à Argentina (ao Chile e ao Uruguai), comecei a me relembrar das sensações de cada experiência: o primeiro alfajor, a primeira empanada, o sorvete de doce de leite, a cerveja Quilmes, o vinho argentino, o Caminito, a Casa Rosada, o tango, o túmulo de Evita Perón. Nada se compara à sensação de se ter um lar, uma família que o ama de forma incondicional e a sensação de estar protegido, de não estar só nesse mundo.

É estranho, é como se eu sentisse saudade de cada coisa do meu quarto, do meu universo particular: meus livros, meus filmes, meus CDs, meus pôsteres, minhas luvas de boxe, minhas pantufas do Papaléguas, meus recortes de jornais, meus perfumes, minhas fotos, minhas facas, minhas camisetas, minhas revistas MAD, minhas fitas cassete dos anos 80, minhas cartas de amor, um coração de papel vermelho rasgado ao meio, um par de algemas, uma máquina de dar choque, minhas chaves, meu par de Havaianas, minhas garrafas de whisky, meu chimarrão, meu puff laranja, minhas frases e meu espelho. É engraçado, pois sou tão pouco vaidoso que meu espelho é coberto de toda a sorte de recortes, adesivos e referências, que cobrem quase que totalmente a imagem refletida.

Não sou materialista, mas cada um desses objetos evoca um momento, uma lembrança, uma pessoa, e me faz viajar no tempo e espaço, mais do que uma viagem de avião.

Não tenho o espírito aventureiro de minha irmã e de meu pai. Não sou nômade, sou caseiro. Não sou dessas pessoas que passam pela sua vida, sou das que ficam. A sensação que eu tenho é que minha casa é como a ilha de Lost: os moradores sempre tentam sair, mas acabam sendo trazidos de volta. Por isso, eu digo: nesta casa nasci e nesta casa viverei até o último dia da minha vida.

Em tempo: minha mais nova obsessão é transformar a geladeira do rancho aqui de casa em uma máquina do tempo. Estou colecionando ímãs de geladeira com temas que revelam toda a minha personalidade e minha bagagem cultural: filmes, bandas de rock, desenhos, obras de arte, séries de TV e tudo o que faz parte da cultura pop e, principalmente, da minha vida.

2 Comments:

Blogger Jênifer Gecler said...

Bom dia!
Você conseguiu retratar exatamente o sentimento que temos ao passar um tempo longe de casa. adorei!.

Parabéns! (:

4:31 AM

 
Blogger Unknown said...

Sem dúvidas, um dos meus textos prediletos.

9:46 AM

 

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