Sunday, April 04, 2010

Os brutos também amam


Sempre fui uma criança muito sorridente. Entretanto, chegou um momento na minha vida - mais especificamente a adolescência - em que eu comecei a me dar conta que o sorriso me tornava uma pessoa vulnerável. Coincidentemente, foi quando eu comecei a usar aparelho para corrigir meus dentes tortos. Foi aí que eu percebi que o sorriso era uma espécie de porta, pela qual eu permitia a entrada de pessoas desejáveis e não tão desejáveis assim. Por essa porta, passaram todos os tipos de pessoa: amigos que abusavam da minha ingenuidade para brincar com meus Comandos em Ação ou para ler minhas revistas Mad, manipuladores que se aproveitavam da minha inocência para me fazerem acreditar em alguma mentira ou ideologia e, principalmente, namoradas que me iludiram, me traíram e depois estraçalharam meu coração. Mais tarde, tirei o aparelho e reparei que eu não conseguia mais sorrir. A porta estava fechada para sempre. O olhar de menino agora era um olhar melancólico e psicopata, que ora parecia sedutor, ora ameaçador. E o coração havia se transformado em uma grande e hermética pedra de gelo. Todas essas decepções serviram para uma coisa: tornei-me uma pessoa mais forte, nem um pouco ingênua e que demora a confiar nas pessoas. Porém, havia algo que, aparentemente, eu havia perdido para sempre: o meu sorriso. Desde então, várias pessoas que passaram pela minha vida repetiam a mesma frase: Eduardo, você precisa sorrir mais. Mas, por mais que eu tentasse, era impossível. Eu não conseguia mais sorrir. Pior: eu não conseguia nem mais chorar. E olha que a vida me deu muitos motivos para chorar. E quando tudo parecia perdido, surge uma luz no fim do túnel: uma pessoa que eu conheci há muito tempo e que, acreditem, jamais pensei reencontrar. Uma dessas pessoas que entram na sua vida para nunca mais sair. Uma pessoa capaz de, numa simples conversa no McDonald´s ou no Starbucks, provar que sim, vale a pena sorrir de vez em quando. Nesse momento, dei-me conta de uma das mais importantes descobertas da minha vida: minha missão aqui na Terra é cuidar dessa pessoa e fazê-la feliz. Foi por isso que Deus a colocou em meu caminho. Na primeira vez, não percebi o sinal. Mas Ele insistiu e agora toda vez que eu a vejo, eu sorrio. E ela, bem, ela sempre sorri de volta.

P.S.: Hoje, eu sempre deixo a minha porta entreaberta. Mas nela, deixo também um aviso: Posso arrancar sorrisos ou dentes. Você decide.

2 Comments:

Blogger Ariadne Lima said...

Oi, Eduardo, gosto de "cavucar" internet afora, em busca de blogs bacanas. Achei o seu e gostei muito.Textos sensíveis e absolutamente reais. Abs!

8:29 AM

 
Blogger Unknown said...

Aiai,Du rs. Não sei gostei mais da foto ou do texto. Me identifiquei muito, sempre tive um jeito muito sorridente e muitas pessoas que passaram pela minha vida, acabaram "abusando" da minha bondade e ingenuidade.Mesmo assim eu não deixei de sorrir e você deve fazer o mesmo, afinal seu sorriso é lindo!

9:56 AM

 

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