Tuesday, March 23, 2010

Por que não gosto de finais felizes



Como toda criança, eu cresci sonhando com finais felizes. Ou happy endings, como dizem os americanos. Assistindo aos filmes de Hollywood e lendo os contos de fada, eu sempre acreditei que, no final, todos nós seríamos felizes para sempre. Sempre torci para o mocinho acabar com os bandidos, sempre torci para o bem vencer o mal e sempre torci para que os casais ficassem juntos e dessem um daqueles intermináveis beijos de novela.
Foi assim até 99, aquele fatídico ano em que meu mundo caiu. Quem me conhece sabe do que estou falando. A partir daquele ano, passei a gostar mais de filmes reais, em que o amor, o bem e a felicidade não necessariamente triunfavam no final. Filmes como “Uma carta de amor”, “Patch Adams - O amor é contagioso”, “Doce Novembro” e “Cidade dos Anjos” me ensinaram muito mais sobre o amor do que as comédias românticas da Julia Roberts, que passavam na Sessão da Tarde.
Comecei a achar que eu havia me tornado uma pessoa amarga, pessimista e mórbida, por preferir filmes em que o final feliz sempre perdia a batalha para o seu maior inimigo: a morte.
Foi então que eu me lembrei de uma frase atribuída a Gandhi: “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. Partindo desse princípio, cheguei à conclusão de que não pode existir um final feliz, pois a felicidade está no meio, no percurso. Ela está onde você nem imaginava encontrá-la: dentro de você mesmo. Ou seja: “final” e “feliz” são paradoxos que não cabem na mesma frase. A única coisa que você vai encontrar no fim da vida é a morte. Isso é fato, é a única certeza que temos desde o dia em que nascemos. Sendo assim, você tem duas escolhas: ou passa o resto da sua vida à procura de uma felicidade utópica ou aproveita cada segundo da sua vida como se fosse o último. Eu escolhi a segunda opção. Um exemplo: no fim de semana passado, conheci uma pessoa inteligente, sensível, divertida e incrivelmente sexy. Decidi pela primeira vez na vida, me preocupar somente com o aqui e agora, sem fazer planos e criar expectativas. E quando ela partiu, eu só conseguia pensar em um diálogo do filme “Cidade dos Anjos”, um dos mais belos que já vi: “Eu prefiro tê-la beijado uma vez, tê-la abraçado uma vez, tê-la tocado uma vez, do que passar a eternidade sem isso”. Depois disso, fechei os olhos e sorri. Eu sabia que, pelo menos naquele dia, nós dois vivemos felizes para sempre.

1 Comments:

Blogger Camila Bearzatto said...

I just want you to know who I am

11:01 AM

 

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