Sunday, April 04, 2010

Da lama ao caos, do caos à revolução



Ontem aproveitei o feriadão para ir à Sampa. Por sorte, era o penúltimo dia de exibição do projeto Ocupação Chico Science. Em meio àquela intensa experiência sensorial, cheia de fotos, vídeos, anotações, letras e objetos pessoais de Chico - isso sem falar do som hipnótico do maracatu -, comecei a pensar no quanto revolucionários como o cantor pernambucano me influenciaram durante a vida toda para que eu me tornasse o que sou hoje. Jack Kerouac, Angeli, Laerte, Glauco, Tyler Durden, Jerry Seinfeld, Henry Rollins, Robert Crumb, J.D. Salinger, Planet Hemp, Raimundos, Tim Maia, Jorge Ben, Wilson Simonal, Harvey Kurtzman, Bill Waterson, Andy Warhol, The Chemical Brothers, J.J. Abrams, Allan Sieber, The Prodigy, Washington Olivetto, Mano Brown, Salvador Dali, Eugênio Mohallem, Pedro Almodóvar, Woody Allen e, é claro, meu irmão (só que esse, obviamente, merece um post à parte). Seja na música, no cinema, nos quadrinhos, na literatura ou na vida, cada um desses personagens - ficcionais ou reais, vivos ou mortos - mudaram minha vida para sempre. Por causa deles, tornei-me subversivo, revolucionário e contestador. Por causa deles, decidi nunca mais aceitar as coisas como são, decidi ser o publicitário capitalista mais socialista que existe e decidi mudar a vida das pessoas que cruzassem o meu caminho, desorganizando, confundindo e esclarecendo. Finalmente, por causa deles, abri uma agência de propaganda que carrega em seu nome o mais conhecido ícone da revolução: Molotov. Por falar em propaganda, certa vez o publicitário Carlito Maia disse uma de suas mais famosas frases: “Vim ao mundo a passeio, não em viagem de negócios”. Peço licença ao Carlito para ir além: Não vim ao mundo a passeio. Vim para revolucionar, subverter e, nas mentes e nos corações de quem me conheceu, um dia tornar-me eterno.

Esse post é uma homenagem a Chico Science e a todos os revolucionários que, como eu, acreditam que não vieram ao mundo a passeio. E, por favor, não se esqueçam dos conselhos do grande homem-caranguejo: “Uma cerveja antes do almoço é muito bom/ Pra ficar pensando melhor” e “Com o bucho mais cheio comecei a pensar/ Que eu me organizando posso desorganizar”.

Em tempo: continuo acreditando em anjos. Caso contrário, como explicar eu não ter tomado chuva ontem na terra da garoa, se eu não havia levado guarda-chuva?

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