Thursday, December 07, 2006

Poesia de rua

Os meus versos
não são métricos
tampouco literários
são versos que velam
o menor morto na porta da igreja
são palavras que embalam o sono
dos excluídos, dos esquecidos
dos sem-terra, dos sem-teto,
dos sem-vergonha, dos sem-graça
dos sem futuro
São consolos praquele mendigo
que dorme no banco da praça
São súplicas, lamentos
são choros abafados
de uma alma que clama
por um pingo de atenção
São pensamentos que preenchem
o vazio do saco que não pára em pé
são lágrimas do Zé,
do Febém, do Bala Perdida e
do Zé-Ninguém
são um tapa na cara da indiferença
um arregalar de olhos dos abastados
que nada vêem
um espinho que incomoda a classe média
um escarro na vida pequeno burguesa
que sonha com a realeza
enquanto outros não podem dormir
sendo que quem deveria perder o sono
eram eles próprios
de culpa
culpa que não se desculpa
culpa que não se perdoa.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home