Monday, November 20, 2006

As coisas simples da vida

De repente, acordei e me dei conta. Olhei ao redor e perguntei a mim mesmo: “Meu Deus, o que estou fazendo da minha vida”? Tanta preocupação, tanta conta pra pagar, tanta merda sem importância. E o que vou levar dessa vida? Nada. Só minhas lembranças, meus momentos. Páro de pensar quando a vejo sair do banho, enrolada na toalha e exalando perfume por todo o quarto. Dou um gole no café e uma forte tragada no cigarro. Contemplo mais uma vez aquela beleza estonteante. Cada movimento dela é perfeito. Tudo bem, ela não é nenhuma Sherilyn Fenn, mas isso não importa, porque ela é a mulher que eu amo. Toda vez que estou mal, no fundo do poço, ela sempre fala a coisa certa na hora certa, tudo aquilo que eu preciso ouvir. Às vezes fico me imaginando morando com ela numa casinha no alto de uma montanha. Eu deitadão na rede, passando a mão sobre a cabeça do meu velho amigo, um basset hound chamado Bud, enquanto leio versos de Neruda ou Vinícius. Ao entardecer, ela, já mais velha e muito mais linda, me traz uma limonada bem gelada, feita com os limões do nosso próprio limoeiro, e eu agarro sua mão e a puxo para a rede e fazemos amor loucamente, enquanto o pôr-do-sol anuncia o término de mais um dia perfeito. Fazemos planos, muitos planos, mas sem aquelas preocupações ordinárias que tínhamos antes com dinheiro, previdência e futuro. Tudo muito mais simples. Simples como a vida deve ser. Afinal, só complica a vida quem não sabe viver.

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