Wednesday, January 10, 2007

Efêmero*

Dizem que sou pessimista. Será? Será que analisar a vida sob uma perspectiva pouco ortodoxa é não acreditar no ser humano, na vida? Tudo o que faço é apontar falhas numa sociedade cansada, cuja fórmula parece não dar mais certo. Talvez o que incomode meus críticos interlocutores seja o fato de eu ter coragem de dizer tudo o que as pessoas mais temem ouvir. Algumas verdades, outras meias-verdades, uma mentira aqui, outra ali. Grito, para que todos ouçam o quanto somos ridículos e patéticos, o quanto tempo perdemos atrás de sociedades utópicas, modelos de perfeição, relacionamentos perfumados, felicidades de supermercado, amores impossíveis produzidos em laboratório. Pra que tudo isso? Por que as pessoas são assim, comportam-se como tolas? O que as faz pensar que ter sucesso, fama e o carro do ano trará algo de bom a suas frágeis vidas? Por que essa busca incessante por algo que jamais cessará? As pessoas possuem necessidades que jamais acabarão, isso não é novidade para ninguém. Mas continuam obstinadas, obcecadas, obsoletas. Porque tudo na vida é um obsoletismo programado. A satisfação de nossas necessidades é um pote de iogurte com data vencida na gôndola do mercadinho da esquina. E não adianta você querer devolver: já está feito e você não pode voltar atrás.

*Texto escrito em 07/02/05.

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