Wednesday, January 03, 2007

Conluio

- Ei, ei, o que vocês estavam cochichando aí?
- O quê?
- É, nem vem disfarçar. Vocês estavam fofocando enquanto eu estava no banheiro e, quando eu voltei, vocês pararam. Pode falar, era de mim, né?
- Não começa, Alberto.
- Tá bom, vai dizer que não tava falando mal de mim pra sua amiga?
- Alberto, a gente tava falando sobre...
- Sobre mim, né? Eu sabia! Sabia que vocês estavam de conluio.
- Com o quê?
- Conluio, sua besta, não sabe o que é?
- Não sei e nem quero saber, porque eu sei que, se vem de uma mente neurótica e perturbada como a sua, coisa boa não deve ser.
- Não muda de assunto. Me fala: do que vocês estavam rindo? Era de mim, não era? Pode falar.
- Não falei que ele tinha mania de perseguição, Cleide?
- Ah, então foi isso que você falou pra sua amiga? Que eu tenho mania de perseguição?
- Não, Alberto, isso eu falei semana passada. Agora eu tava falando que...
- Eu vi você fazendo assim com a mão. Aposto que estava zombando do tamanho do meu pênis, né? Pois olha só, Cleide, eu vou mostrar pra você o tamanho do meninão...
- Alberto, por favor, não...
- Peraí, Cleide, deixa eu só abrir o zíper que você vai ver...
- Alberto, desce da mesa, por favor, tá todo mundo olhando.
- Ei, Cleide, peraí, aonde você pensa que vai? Espera um pouco, ele só precisa acordar. Está um pouco tímido.
- Alberto, desce daí, já chega! Garçom, a conta, por favor.
- Você tá chateada comigo, né, amor? Pisei na bola de novo, né?
- Ah, Alberto, você me enlouquece.
- Mas então por que você estava fazendo assim com a mão e rindo? Era sobre o tamanho, não era?
- Eu tava contando pra Cleide do dia em que eu peguei um comprimido seu, misturei com uísque e bebi, só pra dar barato. Eu tava explicando que o comprimido vinha num vidrinho verde assim, deste tamanho, ó. Só isso.
- Ô, amor, estou envergonhado. Me desculpe. Me perdoa. Por favor, faço qualquer coisa para você me perdoar.
- Hum, qualquer coisa?
- Qualquer coisa.
- Então me explica o que é conluio.

* Eduardo Spinelli é redator, roteirista, web writer e, nas horas vagas, escreve diálogos absurdos como este.

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