Válvula de escape
Descobri na poesia minha fuga
Descobri na rima minha trincheira
Percebi que de nada valem as rugas
Que colecionei a vida inteira
Encontrei a mim mesmo
Nas linhas tortas de um diário
Deixei de ficar a esmo
Deixei de me sentir um otário
Elevei minha auto-estima
Comecei a acreditar em mim
Escrevo sem verso nem rima
Para no desgosto dar um fim
Sinto o frio penetrar como metal
Rasgando e quebrando minha alma
Pergunto-me se tudo isso é real
E conto até dez com muita calma
Inspiro, engulo o choro
Mas retroceder nunca, render-se jamais
as vozes na minha cabeça gritam em coro
a dor é intensa, o sofrimento demais
Rogo que uma praga caia sobre mim
Como um raio, lampejo ou trovão
Desfalecendo-me tim-tim por tim-tim
Mas o último suspiro não sai do pulmão.
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