Wednesday, January 31, 2007

Anões e meias de seda


A relação de Carlos e Bárbara andava meio morna, sem graça. Até que um dia, ela decidiu tocar no assunto.
- Benhê, cê não acha que tá faltando alguma coisa no nosso casamento?
Ele ficou quieto, pensativo, olhando para o nada. Como se tivesse ponderado o suficiente para responder aquela estranha pergunta, ele olha para a esposa e diz:
- Você diz um filho? Você quer ter um filho, Bárbara? Esqueceu que eu fiz vasectomia? Quer adotar uma criança, Bárbara, é isso que você quer?
- Não, seu bobo. Não é nada disso. Acho que falta algo mais. Falta uma pimentinha neste feijão-com-arroz. Falta um pouco de sacanagem neste papai-e-mamãe, sabe?
- Hum, sei. E o que você sugere?
- Sugiro anões.
- Comé qui é, Bárbara?
- É. Anões. Vários. Todos peladinhos, espalhados pela nossa cama.
- Você perdeu completamente o juízo, Bárbara? Já ouvi muita coisa esquisita, mas nada se compara a isso.
- Ah, Carlos, deixa de ser careta, vai. Só um. Unzinho.
- Ah, não!
- Anão?
- Não, ah... pausa... não!
- Ah, sim, vai.
- Tá, suponhamos que eu aceite esta sua idéia bizarra, estúpida e pervertida. Você conhece algum anão?
- Conheço. O Tatu, que cuida dos carros lá no escritório.
- Vocês têm um anão cuidando dos carros lá?
- Sim.
- E ele se chama Tatu, como aquele da Ilha da Fantasia?
- Sim.
- Então, tá, liga pra este tal de Tatu.
- Jura, amor? Posso mesmo? Você topa?
- Fazer o quê, né? Melhor fazer parte deste ménage à trois bizarro do que ser corno.
- E você, amor, não tem nenhum fetiche, nenhuma fantasia?
- Tenho.
- Qual?
- Meias. Meias de seda.
- Meias de seda?
- É.
- Só isso? Que fetiche mais besta.
- Besta, nada. Eu respeito seus anões e você respeita minhas meias.
- Então, tá. Vou ligar pro Tatu.
- Benhê?
- Quê?
- Não esquece de pedir para o anão trazer as meias de seda.

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