Wednesday, January 10, 2007

The idiot*

- Amor?
- Oi?
- Já faz um tempão que a gente tá junto.
- E?
- E já faz um tempo que a gente não conversa, não discute a relação.
- Hum, sobre o que você quer conversar?
- Ah, nada especial. Sobre o tempo, sobre a vida, sobre a gente, sobre...
- Sobre?
- Sobre o Iggy Pop!
- Ah, sabia. Quando você vem com esse papinho furado, cheio de rodeios, sabia que iria chegar nesse assunto de novo.
- Então me fala, me explica: se ele é punk, por que então todo mundo o chama de Iggy Pop?
- Tá bom, vou te explicar uma vez só. Mas promete que não vai mais me encher o saco com esta conversa fiada?
- Juro, de pé junto.
- Então tá. Quando ainda cantava no The Stooges, ele era conhecido como Iggy Punk.
- Verdade?
- Vai deixar eu terminar de falar ou não?
- Tá, desculpa. Continua.
- Daí, depois que ele gravou “Candy” com a Kate Pierson, o cara foi amaldiçoado, sua vida nunca mais foi a mesma. Ele, que era considerado o pai - ou avô, tanto faz - do punk, passou a ser considerado um traidor do movimento, um vendido, um farsante, um...
- Um ídolo pop?
- Isso.
- Hum, sei. Você inventou esta história, não foi?
- Não, é verdade. Pode procurar na internet. Aliás, não sei se você sabe, mas “Candy” é considerada a música mais grudenta e irritante de todos os tempos.
- Amor?
- Oi?
- Não sei se você se lembra, mas esta música “grudenta e irritante” é a NOSSA música, que tocou na boate quando a gente se conheceu e se beijou pela primeira vez.
- Ué, não era “I Wanna Be Your Dog”? Jurava que era.


*Este texto é dedicado ao Alex e à sua filha Mariana, que acaba de chegar ao mundo. Que ela seja mais punk do que pop. Não, o Alex não é o idiota do título. É um grande fã do Iggy Pop. E, acima de tudo, um grande amigo.

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