Friday, December 08, 2006

O dia em que fechei os olhos e dei as costas ao mundo

O dia hoje me parece tão sério
e eu não estou nem um pouco afim
de fazer nenhum esforço
pra trazer você de volta pra mim
Não quero flores
Tampouco dores
Nem quero ter que falar sozinho
Não quero não ser eu mesmo
Só sei que quero uma chance
de tentar tudo de novo
tudo que estiver ao meu alcance
mesmo que não seja com você.

Hoje o dia tá cinza
As pessoas tão frias
lá embaixo o baque surdo
da bala perdida que almeja
mais uma alma que se perde
enquanto o galo canta, com tristeza.
Não, não quero mais
a vida urbana é uma ratoeira
Pra mim tanto faz
Só tô mesmo de bobeira
Mas o mendigo todo sujo
enrolado no jornal
sem saber ler
o próprio cobertor
Não, ele não merece essa vida
Ninguém merece.

Mas a esperança é a última que morre
e se não morre, enfraquece
e o ser humano insensível
da sua origem se esquece
Individualista como sempre
Materialista como sempre
Racista, elitista, machista
sexista e, por favor,
não insista
não quero comprar limão,
não quero abrir os olhos,
não quero estender a mão
eu quero que você não exista
que seja um pesadelo e suma
num piscar de olhos
vá para o olho da rua
pois Deus sabe o que faz
eu cuido da minha vida
você cuida da tua
pra mim tanto faz
o que eu quero é paz.

Mas que paz é essa
que me corrói por dentro
um sentimento de culpa
que me leva ao relento
e mesmo que não seja do meu contento
peço desculpas
bato na parede a testa
abro feridas que não se fecham
que o tempo não cura
culpa dessa vida, tão dura
meu sangue se esvai
como um rio sem destino
o universo em desatino
a estrela cadente que cai
meu desejo é utopia
minha sina é como um beijo
que gruda, que ama e que fere
mas que sai ferido
um golpe ele desfere
na raiz da origem do começo
de um povo tão sofrido.

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