Monday, April 23, 2007

Coincidência ou destino?


Ontem assisti ao filme "Número 23". Meu aniversário é dia 14 de setembro. 14 + 9 = 23. Meu nome é Eduardo Spinelli de Araújo. Quantas letras? Isso mesmo, pode contar: 23. A propósito, que dia é hoje? Viu só? Agora, eu entendo por que o protagonista ficou tão paranóico.

Sunday, April 15, 2007

Poeta do bar, filósofo da zona

Acordei de ressaca.
Acordei de olho roxo.
Você não tava ali.
E eu tava aqui.
No fundo do poço.

Sunday, April 08, 2007

O Enigma da Páscoa


Saturday, April 07, 2007

Pensamento (de merda) do dia

Algumas pessoas nasceram para viver e morrer sozinhas. Eu, definitivamente, sou uma delas.

Tuesday, April 03, 2007

Quem é mesmo o mané que criou este blog?

Eduardo Spinelli de Araújo é redator, roteirista e webwriter com mais de 7 anos de experiência.
É formado em Publicidade e Propaganda pela UNITAU, fez MBA em Marketing na FGV e Pós-Graduação em Leitura e Produção de Textos na UNITAU.
Começou sua carreira na PH Publicidade, de Taubaté, e trabalhou por 5 anos na Página Comunicação, de São José dos Campos, especializando-se em propaganda de varejo, moda, segmento imobiliário e marketing político.
Em 2005, recebeu o troféu de bronze, na categoria Spots e jingles, do V Prêmio Recall de Criação Publicitária.
Atualmente, é redator da Supera Comunicação e professor de Criação e Redação Publicitária no SENAC Taubaté.

Sunday, April 01, 2007

A última postagem (the last one)

Pessoal, é com dor no coração que veio informar a todos que o blog Discutindo a Redação vai acabar.




(Há, há, há, vai nada, Primeiro de Abril!!!)

Margô*

Apaguei o último cigarro no último gole de café, que ocupava o fundo da xícara. Minha vida era tão inútil que eu me divertia vendo aquela bituca fedorenta boiar naquele líquido escuro. Aquela cena me fazia lembrar um náufrago, que por uma ironia do destino passava os últimos segundos de sua vida afogando-se em petróleo. Irônico, não? A pessoa passa a vida inteira procurando uma forma de ficar rica e, quando finalmente encontra, descobre que no fundo, no fundo, tudo é a mesma merda, que a morte é igual, para ricos, pobres, brancos, negros, para mim, para você.
Toda esta análise existencial fora interrompida pela doce voz de Margarete, a garçonete dos meus sonhos, que com um pergunta não tão filosófica assim me trouxe de volta à realidade.
- Quer mais alguma coisa?, perguntou, enquanto tirava o meu experimento científico de cima do balcão.
Fiquei hesitante por alguns segundos, como se precisasse de tempo para elaborar uma resposta a uma pergunta tão simples.
- Um beijo seu, Margô - respondi, com um ar meio de conquistador barato e cafajeste.
- OK, Don Juan, é hora de você levantar a bunda deste banco e fazer algo de útil pela sociedade. E saiu, me dando as costas.
Levantei, peguei meu molho de chaves, coloquei-o no bolso da jaqueta e comecei a caminhar em direção à porta de saída do bar. Bar. Se é que se pode chamar de bar aquele muquifo fedorento.
Ao sair daquele pequeno submundo, pude sentir uma brisa em meu rosto, como se tivesse vindo especialmente para mim naquele momento, por saber que eu era apenas uma pobre alma sufocada vagando pelas ruas, sem passado, sem futuro, apenas de corpo presente, perdido no tempo e no espaço.
Acendi outro cigarro. Mal dei uma tragada e senti uma vontade enorme de vomitar. Ajoelhei-me na guia da calçada e botei para fora o almoço que jamais havia botado para dentro. Porque minha vida era assim: café, cigarro e poesia. Uma dieta boêmia, marginal e vagabunda. Eu era praticamente carne e osso, uma alma penada que quem olhava sentia pena. E era isso que eu queria: piedade. Pois foi isso que eu sempre fui na vida: um coitado. E os coitados não merecem nada, além de dó.

* Texto escrito em 17/11/06.

Despedida*

Já fazia um bom tempo que eu estava infeliz com tudo aquilo. Mas cada hora inventava um motivo para evitar a resolução mais óbvia. Todo mundo sabia o que deveria ser feito, inclusive eu mesmo. Mas não, era cômodo demais ficar naquela situação, naquela areia movediça em que eu já estava afundado até a cabeça.
Mas daí veio a gota d´água. Aquele empurrãozinho que faltava para eu tomar uma atitude. Uma atitude de homem, de adulto. Era hora de sair da casa dos meus pais. Afinal, já estava com trinta anos contados, tendo tudo do bom e do melhor, e, cá entre nós, já estava mais do que na hora de criar vergonha na cara, barbada e mal lavada. Bom, tomei coragem e o fiz. “Bênção, pai, bênção, mãe, estou indo, é para o meu bem, sei que vocês vão sentir minha falta, mas é preciso cortar o cordão umbilical e blá, blá, blá.” Minha mãe mal pôde conter as lágrimas e o soluço, que parecia querer abafar, mantendo os lábios juntos e apertados. Meu pai, que havia abaixado o jornal e prestava atenção enquanto eu falava, voltou o jornal à posição original, pigarreou e deixou o silêncio falar mais alto, como se nada tivesse acontecido. Dei as costas para os velhos, ainda ouvi minha mãe balbuciar algumas palavras, trêmulas de tanta emoção, e segui em frente o meu caminho, caminho que não sei para onde me levaria, mas que eu deixaria me levar fosse para onde fosse, mesmo que para o fundo do poço.

* Texto escrito em 17/11/06.