Monday, April 27, 2009

A redação publicitária do Vale do Paraíba em crise: mas, afinal, uma logomarca vale mais que mil slogans? (Parte I)

As últimas edições do Festival de Cannes, a mais importante premiação do mundo da propaganda, revelam uma tendência que parece irreversível: a valorização da imagem em detrimento do texto. Parece que aquele ditado “uma imagem vale mais que mil palavras” nunca foi tão levado a sério como agora. A publicidade brasileira está cada dia mais visual e isso acaba desvalorizando o papel do redator publicitário, principalmente no mercado do Vale do Paraíba, onde o número de diretores de arte é infinitamente maior que o de redatores.
Mas em um mercado como o nosso, contaminado ainda pela ideia de que propaganda é gasto e não investimento, a pergunta que se deve fazer é: a falta de bons redatores é um problema de oferta ou de demanda de profissionais capacitados? A resposta é muito simples: as duas coisas. O mercado regional, de forma geral, ainda dá mais importância ao artista do Photoshop do que ao cara que “apenas” escreve no Word. Em contrapartida, os próprios redatores não se valorizam, não inovam e, com isso, o que se vê por aí são textos pobres, medíocres, tanto do ponto de vista criativo, quanto do ponto de vista gramatical.
O problema é histórico e cultural e, por isso, difícil de resolver. Não dá para apontar somente um culpado. Todos têm sua parcela de culpa. Para começar, o mercado é dominado pelo varejo e pelo setor de serviços, o que dificulta a criação de campanhas ousadas e criativas. Seguindo a linha “Casas Bahia” de anunciar, produtos são mostrados exaustivamente na TV a preços imperdíveis, o que acaba nivelando a comunicação por baixo. Muitos dos textos que vemos e ouvimos nas mídias locais são escritos por diretores de arte, por profissionais de atendimento, por contatos de veículos, quando não pelos próprios anunciantes. Neste caso, caímos em um problema ainda maior: todo mundo acha que sabe escrever texto publicitário. Eu, particularmente, conheço alguns profissionais que conseguem ser, ao mesmo tempo, bons diretores de arte e bons redatores. Mas são poucos, dá para contá-los nos dedos. Não vejo problema nisso, nesta dupla função exercida por um mesmo profissional, mas que fique bem claro: isso deve ser a exceção e não a regra.
Outro problema é a mão-de-obra escassa e desqualificada. Culpar as faculdades e universidades pode parecer uma solução óbvia, mas é apenas a ponta do iceberg. Todos os anos, os cursos de publicidade e propaganda de Taubaté, São José dos Campos e demais cidades da região despejam centenas de recém-formados despreparados para enfrentar o mercado de trabalho. O mercado não tem capacidade de absorver tantos profissionais, contribuindo assim para o aumento do índice de desemprego. Da minha turma, por exemplo, de aproximadamente sessenta alunos, eu sou um dos poucos que, atualmente, trabalha na área. Confesso que muitos dos que se formaram comigo não tinham a menor vocação nem para propaganda muito menos para criação publicitária. Aliás, nem vocação, nem interesse. E este pessoal, que hoje guarda o diploma dentro da gaveta, foi obrigado a abrir um negócio próprio, partir para outra carreira totalmente diferente da escolhida, ou, o que é pior, está até hoje procurando emprego.
A boa notícia é que o mercado do Vale do Paraíba está em franca expansão. E tem potencial para crescer muito mais. Vale lembrar que o aluno que escolhe fazer publicidade e propaganda não precisa necessariamente trabalhar em uma agência de propaganda. Pode candidatar-se a uma vaga em uma emissora de TV, em uma gráfica, em uma produtora de vídeo ou até mesmo no departamento de comunicação ou de marketing de uma empresa. Ou seja: ele pode ser agência, veículo, fornecedor ou cliente, o leque de opções é variado. Outra boa nova: a qualidade criativa e de produção melhorou muito de uns dez anos para cá. Quando ingressei na universidade, em 96, lembro-me bem que a propaganda feita aqui no Vale era muito feia, chata e malfeita. Hoje, vemos comerciais nas emissoras de TV locais que chegam muito perto do nível dos criados pelas grandes agências dos pólos comerciais como São Paulo e Rio de Janeiro. A fotografia foi aprimorada, as técnicas melhoraram e, principalmente, o texto evoluiu.

A redação publicitária do Vale do Paraíba em crise: mas, afinal, uma logomarca vale mais que mil slogans? (Parte II)

Mesmo com tantas conquistas, prefiro ser cauteloso ao fazer uma análise mais criteriosa da redação publicitária no Vale do Paraíba. Em vez de adotar uma postura otimista ou pessimista, sejamos realistas. Se olharmos para trás, como eu disse, veremos que sim, a propaganda melhorou. Hoje, contamos com pelo menos um profissional competente em cada agência para redigir textos bem escritos. Obviamente, refiro-me apenas às agências mais conhecidas: Migra, Tríadaz, Publicarte, Atributo, Regional, Supera, Página, Arriba e Cabrillano. Se olharmos para frente, veremos que ainda estamos muito atrasados em relação às grandes capitais e a outras cidades do interior paulista como Campinas e Ribeirão Preto. Mas, afinal, o que falta? Falta massa crítica, tanto do lado da agência quanto do lado do anunciante. É preciso, antes de mais nada, catequizar o pequeno anunciante aqui da região. Ele precisa entender que um título de anúncio inteligente funciona melhor do que colocar “um novo conceito em empreendimento” ou dizer que “a loja tal faz aniversário, mas quem ganha o presente é você”. O cliente tem sempre razão e a última palavra é dele, porque é ele quem paga a conta, mas ele precisa confiar mais na agência, confiar no redator. Um folheto tem que dizer o que o consumidor quer saber e não o que o anunciante quer que ele saiba. Peça publicitária não é briefing. Para não culpar apenas o outro lado do balcão, quero lembrar que a agência também tem culpa: muitos roteiros e spots nem sequer saem da agência porque o atendimento não entendeu a sacada ou simplesmente por conformismo mesmo, por medo de arriscar, por medo de mexer em time que está ganhando.
Agora, preste atenção em uma coisa: o maior culpado da desvalorização do redator publicitário é ele mesmo. Nestes quase dez anos de propaganda, conheci redatores de todos os tipos. Alguns bons, outros razoáveis e também aqueles que estavam ali por acidente e não por vocação. Poucos conhecem bem a Língua Portuguesa, o que é de extrema importância no nosso mercado, já que, na maioria das agências daqui, é o redator quem revisa o próprio texto. Mas, além de dominar o idioma, o redator precisa desenvolver um estilo próprio. Para isso, ele precisa beber da fonte dos grandes gênios: Eugênio Mohallem, Marcelo Aragão, Wilson Mateos e Eduardo Lima, só para citar alguns do melhores. O que quero dizer é que falta referência. Falta arriscar mais. Fazer diferente. Se todo mundo caminha em uma direção, vá pelo lado contrário. Isso é ser criativo. É triste constatar que na nossa região faltam redatores que saibam criar jingles, que redijam roteiros de comerciais emocionantes ou que escrevam spots divertidos, memoráveis. Para tornar-se um bom redator de textos curtos, o profissional precisa, antes de mais nada, ser um exímio redator de textos longos, sejam folders corporativos, sejam vídeos institucionais. Só assim ele vai aprender a escrever aquele slogan que pega ou aquele conceito de campanha que realmente posiciona um produto ou uma marca na mente do consumidor.
Tenho orgulho em dizer que faço parte de uma geração um tanto quanto, digamos, revolucionária. Um pessoal de uns vinte, trinta anos que não se contenta com a primeira ideia, que é bem informado e que tem um conhecimento amplo de marketing. Profissionais que são criativos sem perder o foco estratégico. Uma galera que abriu mão de ir trabalhar em São Paulo por acreditar no potencial do Vale, mas que continua antenada em tudo o que rola no Clube de Criação de São Paulo, em Cannes, no mundo todo. Esta nova geração está mais unida, mobilizada e engajada. Prova disto é a iniciativa de criar o CCVP, Clube de Criação do Vale do Paraíba, que busca valorizar mais a nossa criação publicitária. São diretores de arte e redatores que, aos poucos, vão se tornando diretores de criação e donos de agência. Uma geração de criativos que, quando se depara com uma pergunta como a do título deste artigo, sabe muito bem que o texto e a imagem têm a mesma importância. E que o principal em propaganda é a ideia. Aquela boa ideia que, com certeza, trará bons resultados para o cliente. O resto é bobagem.

Eduardo Spinelli é redator free lancer, roteirista, web writer e ex-diretor de criação da Publicarte Propaganda e Marketing.

Novo Portfólio - Eduardo Spinelli

Acesse, comente, critique:
http://eduardospinelli.carbonmade.com/

Veja também alguns filmes:

http://www.youtube.com/watch?v=vXQS79e2yfw

http://www.youtube.com/watch?v=mT-RUhNO9F8

http://www.youtube.com/watch?v=4xpWld_qIJs

http://www.youtube.com/watch?v=7uVIbvw8GnQ

http://www.youtube.com/watch?v=agOkhSxahwY

http://www.youtube.com/watch?v=QpYdPh5J518

http://www.youtube.com/watch?v=anZEV8Yumv4

http://video.google.com/videoplay?docid=1089895172287029767

http://video.google.com/videoplay?docid=-7291239174665727591

Saturday, April 25, 2009

Brain & Storm #4 - Homenagem a uma amiga


Sunday, April 19, 2009

Publicitário representa o Vale no júri do Prêmio Abril

O publicitário caçapavense Eduardo Spinelli foi o escolhido para representar o Vale do Paraíba no time de jurados do Prêmio Abril de Publicidade 2009, um dos mais importantes do Brasil.
Realizado há mais de vinte anos, o Prêmio Abril tem como objetivo estimular a excelência da propaganda no meio revista e o talento criativo dos profissionais brasileiros do setor, premiando as melhores campanhas nacionais e regionais veiculadas em títulos da Editora Abril.
O júri é composto por profissionais da área, convidados pela organização do evento. Cada jurado faz uma avaliação individual dos trabalhos e dá notas, de acordo com os quesitos texto, direção de arte e solução de marketing.
Redator premiado e atualmente diretor de criação da Publicarte Propaganda e Marketing, umas das agências mais criativas da região, Spinelli foi convidado a fazer parte do júri na categoria Criação Revista Regional, em que concorrem as agências localizadas fora da Grande São Paulo.
“Será um trabalho árduo e de grande responsabilidade, já que terei poucos dias para avaliar mais de 400 anúncios. Mas, ao mesmo tempo, será extremamente gratificante, pois estarei entre alguns dos meus maiores ídolos da propaganda. E, para mim, isso é tão bom quanto ganhar um prêmio”, compara o publicitário.

Informações: http://publicidade.abril.com.br/pap/2009/

Wednesday, April 08, 2009

Vale recebe dois prêmios no FestVídeo


No dia 3 de abril, duas agências do Vale do Paraíba foram premiadas na cerimônia de entrega do FestVídeo 2009 (Festival de Vídeo Publicitário do Interior), em Ribeirão Preto: Página Comunicação e Supera Comunicação, ambas de São José dos Campos.

Realizado pela APP Ribeirão (Associação dos Profissionais de Propaganda), o FestVídeo é o evento mais importante na área de comunicação do interior e um dos mais respeitados prêmios publicitários do país.

A Página Comunicação recebeu o troféu de ouro na categoria Animação/vinhetas com o filme “OFD 2008”, produzido pela Madre Studio e criado pela dupla Thiago Kruschewsky e Tiago Camargo para o anunciante Oscar Calçados.

Já na categoria Mercado/Vale-Litoral, a Supera Comunicação recebeu o troféu de bronze com o filme “Dia dos Namorados Gamaia”, produzido pela GPM Imagens Especiais para a Gamaia Esportes. A criação é assinada pela dupla Camilo Alvarez Netto e Eduardo Spinelli (ex-redator da Supera Comunicação e atual diretor de criação da Publicarte Propaganda e Marketing), com produção de RTV de Maíra Goulart.

Na edição deste ano, o FestVídeo registrou um recorde no número de inscrições. Ao todo, foram inscritas 375 peças, o que representa um aumento de 30% em relação ao volume de inscrições do ano passado. Um dado importante, que valoriza ainda mais a conquista dos prêmios pelas duas agências do Vale.

Assista aos filmes premiados:
http://www.youtube.com/watch?v=Ob-fDvW2u2c

http://www.youtube.com/watch?v=vXQS79e2yfw

Brain & Storm #3